Artigo
Para construir um país forte
Por:
Éd Alemão
Projeto
político para o país deve ser socialista e enfrentar a elite
JUSTIÇA
SOCIAL
No mesmo dia em
que a seleção brasileira sofreu a derrota acachapante para a
Alemanha, o país teve uma perda imensamente maior. Morreu Plínio de
Arruda Sampaio, um dos maiores símbolos da resistência e da luta
popular no Brasil. Plínio foi um sobrevivente de grandes combates.
Defensor ativo das reformas de base propostas por Jango, que poderiam
ter dado um outro rumo ao país, foi cassado e perseguido pelo golpe
que as abortou em 1964. Teve a honra de estar na lista dos cem
primeiros cidadãos com direito político cassado pelo Ato
Institucional número 1 (AI-1). Figurou nessa lista ao lado de gente
como Luiz Carlos Prestes, Francisco Julião (dirigente das Ligas
Camponesas) e do próprio Jango, dentre outros grandes nomes que
defenderam os interesses populares contra o golpe militar. Nesta
época havia sido o relator do projeto de reforma agrária do governo
Jango, uma das grandes reformas preconizadas então. Homem coerente,
manteve durante toda a vida este compromisso fundamental.
Com a
reforma agrária em especial, tendo sido sempre um aliado de primeira
hora do MST. Mas também com todas as reformas estruturais que
permanecem pendentes no país. No caso da reforma urbana, que hoje
está em voga pelo agravamento das contradições nas cidades, Plínio
foi sempre um grande aliado. Visitava frequentemente ocupações do
MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), prestando solidariedade
e apoio político. Escreveu inúmeros artigos e fez intervenções na
campanha presidencial de 2010 na defesa de uma política de
desapropriação de terrenos urbanos ociosos e de investimentos para
habitação popular.Com a notícia de seu falecimento, surgiu uma
questão: que homenagem nós, dos movimentos populares, poderíamos
fazer ao mestre Plínio de Arruda Sampaio?E a resposta veio,
inequívoca. Nossa mais legítima homenagem será aprofundarmos a
luta para a realização do projeto político pelo qual Plínio
combateu, como poucos, ao longo de sua trajetória. Aliás,
tornando-se mais radical à medida que o tempo passava e desmentindo
a ideia de que ninguém permanece de esquerda após os 60. Ficar
velho não é virar velhaco – disse ele sobre isso.
Socialismo
e reformas
O projeto é
socialista, ele não tinha medo em dizer. Nem nós devemos ter.
Projeto que representa um enfrentamento direto com a elite brasileira
e seus representantes políticos. Que implica em mudanças
estruturais no modo de organização da sociedade.A defesa das
reformas estruturais populares que o capitalismo brasileiro foi e
permanece sendo incapaz de realizar precisa voltar à agenda
política. Tomemos a agenda das reformas de Jango: reformas agrária,
urbana, tributária e política. Haverá programa mais atual do que
este?A reforma urbana é uma demanda gritante diante do caos das
metrópoles provocado pelo predomínio do setor imobiliário e de
seus interesses privados sobre a política pública de habitação,
mobilidade, infraestrutura e serviços. É urgente reverter a lógica
de segregação que expande as periferias, jogando milhares em
regiões precárias, além de aumentar os deslocamentos urbanos. Já
a reforma agrária é condição para enfrentar o atraso no campo
brasileiro. A estrutura agrária patrimonialista ainda mantém
ociosas muitas terras agricultáveis no país, além de focar a
produção do agronegócio em monoculturas para exportação. Isso se
evidencia quando analisamos os dados da agricultura familiar no país:
mesmo tendo apenas 24% das terras, responde por mais de 70% dos
alimentos consumidos no mercado interno. Ou seja, a mudança nesta
estrutura produziria imensos ganhos sociais, a começar pelo
barateamento do custo dos alimentos para a população.Por sua vez, a
necessidade de uma reforma tributária é evidente quando
consideramos que quem ganha menos que dois salários mínimos de
renda paga 49% de sua renda em impostos, mas aqueles que ganham mais
de 30 salários pagam somente 26%. Ou seja, a estrutura tributária
do Brasil é regressiva. Os mais ricos pagam proporcionalmente menos,
sem falar da sonegação. Plínio já defendia desde os anos 1960 uma
reforma tributária progressiva, na qual os ricos paguem mais, e os
pobres, menos. Sistema tributário deve ser também ferramenta de
distribuição de renda.
No caso do
sistema político, nem é preciso gastar muitas palavras. O
descrédito popular é generalizado. O atual sistema político
caducou e não representa os anseios populares. Embora não seja
suficiente, uma reforma política que acabe com o financiamento
privado de campanhas eleitorais é urgente e necessária. Se
somarmos a essas grandes reformas, defendidas pelo velho Plínio há
mais de 50 anos, temas como o da dívida pública, da democratização
dos meios de comunicação e da desmilitarização da segurança
pública – todos eles também bandeiras de Plínio – temos as
bases de um programa popular e socialista. Defendê-lo nos debates e
nas ruas é a maior homenagem que podemos oferecer ao incansável
combatente Plínio de Arruda Sampaio.
Guilherme
Boulos é dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.
Muito
eu tenho a lhes dizer e quase nada tenho a contar dos amargurados
dias terrestres. Os sopros frios da adversidade, em toda minha
existência, perseguiram-me através das estradas do destino, e a fé
em vossa complacência e misericórdia meu Deus lhe foi sempre a
única âncora de salvação, no oceano de minhas lágrimas por onde
passava o barco miserável de minha vida. Trabalhei com o esforço
poderoso das máquinas e fui colaborador desconhecido do bem-estar
dos afortunados da Terra. Nunca recebi compensação digna do meu
trabalho e consumi no holocausto à coletividade e à família…
Entretanto, Senhor, ninguém conheceu as tempestades de lágrimas do
meu coração afetuoso e sensível, nem as dificuldades dolorosas dos
meus dias atormentados no mundo. Vivi com a fé, morri com a
esperança e o meu corpo foi recolhido pela caridade de mãos
piedosas e compassivas, que me abrigaram na sepultura anônima dos
desgraçados…
espírito
de Jean Carlos – estivador
A
atuação do governo dos trabalhadores para aquela que deveria ser um
de seus alvos primordiais, a distribuição de renda, não passa,
ademais, de algo “raso, superficial e circunstancial”, visto não
incidir na distribuição da renda funcional (salários versus renda
do capital) e da riqueza.
A
crise no Brasil tem profundas causas estruturais. Por exemplo, a
vulnerabilidade externa estrutural do Brasil é muito elevada e,
portanto, o país é muito afetado pela desaceleração do comércio
internacional e a volatilidade dos fluxos financeiros internacionais.
Países como a China se protegem com elevados níveis de
competitividade internacional e baixa dependência em relação a
recursos financeiros externos. No Brasil, por outro lado, esses
riscos são particularmente elevados porque o país depende
significativamente da exportação de produtos básicos (minério de
ferro, carne, soja e outros) e da captação de recursos externos
para sustentar seu crescente e elevado déficit nas contas externas
(as transações comerciais, de serviços e financeiras com os outros
países). Ou seja, a despesa do Brasil em moedas estrangeiras é
maior do que a
receita.
Em 2013, o país precisou captar US$ 81 bilhões para fechar suas
contas externas. Portanto, há crescente risco de crise cambial, que
tende a causar crises financeira, real e fiscal, bem como maior
inflação. Não podemos esquecer que o passivo externo brasileiro
supera US$ 1,5 trilhão. Ou seja, nas contas externas há
extraordinários desequilíbrios de fluxos e estoques.
Voto
Nulo é Voto de Protesto – 00 e confirma. Votar não poderia ser
obrigatório, mas sim facultativo como nos Estados Unidos. Antes de
votar precisamos se politizar para cobrarmos o dinheiro dos nossos
impostos em melhorias reais para a nossa sociedade. Todos pagam
impostos por isso tem o direito de fiscalizar e cobrar, mesmo que o
seu candidato não ganhe. A indagação ou questionamento fez o homem
sair das cavernas. A falta de politização está levando o homem de
volta para as cavernas das ignorâncias.
VEJAM:
Deus
não é um
Ser Sobrenatural –http://ed10alemao.wordpress.com/2011/03/14/deus-nao-e-um-ser-sobrenatural/